Para evitar falência Gol pode pedir recuperação judicial nos EUA
Enfrentando problemas financeiros decorrentes da pandemia, entenda as manobras que a empresa tem feito para tentar sobreviver.
A história da GOL
A Gol Linhas Aéreas é uma companhia aérea brasileira fundada em 2001. Sua criação foi um marco no setor, pois introduziu um modelo de operação de baixo custo no Brasil. A empresa começou suas operações em janeiro de 2001, oferecendo voos domésticos no país.
Nos primeiros anos, a Gol expandiu rapidamente sua presença no mercado nacional, tornando-se uma das principais companhias aéreas do Brasil. Ela buscava oferecer passagens mais acessíveis, adotando estratégias eficientes para controlar os custos operacionais.
Ao longo do tempo, a Gol enfrentou desafios, como a competição no setor aéreo e eventos econômicos adversos. A empresa também passou por momentos de reestruturação e ajustes em sua frota para otimizar suas operações.
A Gol expandiu suas operações internacionalmente, oferecendo voos para destinos na América do Sul e Central. Ela passou por fusões e aquisições estratégicas, buscando fortalecer sua posição no mercado e enfrentar os desafios da indústria da aviação.
Na Pandemia
Durante os longos períodos de lockdown, a Gol ficou impossibilitadas de voar. E isso afetou, gravemente, o caixa da empresa.
Sem voar, a companhia aérea acumulou dívidas entre 2020 e 2021. Boa parte dessas dívidas foi renegociada no final de 2022 e começo de 2023. A empresa conseguiu postergar o pagamento para ter fôlego e recuperar o movimento, mas assumiu juros mais elevados (até 100% maiores do que os anteriores).
Atolada em dívidas
Em 30 de setembro de 2023, a Gol Linhas Aéreas apresentava uma dívida de R$ 18,5 bilhões, representando um aumento de 15,9% em comparação com o mesmo período de 2022.
O índice de alavancagem financeira, calculado pela relação entre a dívida líquida ajustada e o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) nos últimos 12 meses, atingiu 5,5 vezes em setembro do ano anterior.
Esse indicador implica que a empresa levaria quase seis meses para saldar sua dívida integralmente, utilizando todo o seu ganho nesse processo.
No início de dezembro, a Fitch Ratings rebaixou a classificação da Gol de CCC+ para CCC-, citando crescentes chances de uma reestruturação da dívida devido aos riscos elevados de refinanciamento.
A principal preocupação recai sobre a dívida de curto prazo, que totaliza R$ 3 bilhões e vence em menos de 12 meses.
Samuel Barros, doutor em administração e reitor do Ibmec Rio de Janeiro, destaca que, considerando o histórico de fluxo de caixa da Gol e as projeções para 2024, a empresa enfrentará desafios para cumprir esses vencimentos, resultando em um aumento significativo do risco de mercado.
Em resposta, a Gol, por meio de comunicado, afirma estar concentrada em “melhorar a lucratividade e fortalecer” o balanço da empresa, com ênfase na confiabilidade operacional e na entrega da melhor experiência de viagem aos seus clientes.
Porque a recuperação judicial nos EUA é uma opção
A Gol (GOLL4) está considerando a possibilidade de solicitar recuperação judicial nos Estados Unidos, conforme divulgado pela coluna Painel S.A., da Folha de S.P.
O pedido é esperado em aproximadamente um mês. De acordo com fontes, a adesão ao capítulo 11 da lei de falências norte-americana parece mais vantajosa para a companhia aérea do que um processo de recuperação judicial no Brasil, devido às maiores oportunidades de financiamento no exterior.
A Gol pretende utilizar as próximas duas semanas para desenvolver um plano de reestruturação de dívidas fora dos tribunais. Contudo, essa perspectiva parece improvável, dado o conflito de interesses entre lessores (arrendadores de aeronaves) e stakeholders (investidores detentores de títulos da empresa).
A Abra, controladora da Gol, contratou o escritório Pinheiro Guimarães Advogados para conduzir o processo, conforme informado por fontes. Em comunicado ao Money Times, a empresa afirmou: “O foco da Gol está sempre na confiabilidade de suas operações e em proporcionar a melhor experiência de viagem aos seus clientes.
Simultaneamente, a Companhia prossegue com os esforços para melhorar a lucratividade e fortalecer seu balanço. A Gol está em diálogo com seus stakeholders financeiros sobre diversas opções que proporcionem maior flexibilidade financeira, incluindo a possibilidade de capital adicional para sustentar as operações.
Todas essas ações visam posicionar a Gol para o sucesso a longo prazo, enquanto continua a cumprir sua missão de democratizar o transporte aéreo no Brasil”.